Essa semana depois de pensar muito em revolução, em querer causar destruição, nos porões onde habitam os ratos em “b”rasília, e liquidar de vez com essa mamata infinita. Resolvi acalmar a alma. Com o corpo ainda tremulo e envenenado com a intensa descarga de adrenalina, parei e contei até 13.
Isso acontece sempre que escuto e vejo certos quadrilheiros que ao invés de estarem trabalhando e construindo dias melhores para a sociedade, e sobre tudo aos mais famintos, os menos favorecidos, os marginalizados que em meio a uma Pandemia devastadora, perdem seus familiares e amigos sobre um olhar nefasto e genocida que insiste em não fazer nada.
A Covid-19 já matou mais pessoas no “b”rasil do quê a Guerra do Vietnã. Mas não. Eles preferem organizar serviços maiores em causas próprias; Olha o estresse vindo outra vez. É nesse momento que tento respirar e afastar de mim esse desejo perturbador de matar. Igual o Filme, Um Dia de Fúria, com Michael Douglas.
Corro para os livros, a música e um pouco, claro, para o trabalho. A respiração faz a máquina humana centrar as ideias, mas é o som, a sonora é o que realmente faz a calma meu coração. Centralizando as emoções e observando o belo ao meu redor, como por exemplo, a angelicalidade visível dos meus filhos.
Pensando em um futuro melhor para eles acalmo, respiro e escuto, e respiro outra vez. Apertei o play e corri para a salvação em forma de Bob Marley, trabalhei sobre a sonoridade e espiritualidade do reggae roots. Perambulei conseguindo sobreviver.
Nesse momento minha conexão me leva as origens da musicalidade e recorro sempre ao que existe de mais belo no meu nordeste, sua poesia, sonoridade, nosso “folklore” nossas lendas, heróis e a nossa maravilhosa culinária.
Lembrei de um CD da Passa Disco, o melhor lugar para desfrutar desse ambiente é lá, mas já que não vou à loja do amigo Fabinho, gozar dessa ilustre companhia, debruço então em suas coletâneas maravilhosas que tenho em casa. Inclusive de boa qualidade todo o produto. A seleção musical que Fábio faz para o selo Passa Disco é impecável como suas Capas e ilustrações um verdadeiro espetáculo. A Passa Disco tem um papel importante na estória da música pernambucana e com as novas safras de artistas. Um trabalho de força, insistência, persistência e de muita, mais muita revolução diante do mercado fonográfico trágico que vivemos.
E o que conseguiu me acalmar a alma, foi à coletânea “Arrisque!” Trazendo artistas contemporâneos; É uma grande geração essa que estamos presenciando em Pernambuco. Lá eu escutei uma criatura linda que canta divinamente, chamada Tonfil.
Trazendo sons de arcanjos em forma da poética linda do sertão do Pajeú. Ele consegue acalma as feras e transforma-las em criaturas mansas; Eu acho Tonfil um grande interprete, além de poeta e artista plástico, aliás, “O menino é um gota mesmo, atravessa o Pajeú a nado com uma mão só”. Ele interpreta uma música de Anaira Mahin “Balada da Sibita Baleada” Essa música fez parte do primeiro disco do Tonfil o “Acontecer”, mas, conheci quando ela foi escolhida entre as músicas da “Arrisque!” da Passa Disco.
Ela começa com uma introdução do Poema de Zé Cazuza, interpretado por Luiz Romero. Abrindo com lindeza para harmonia e a voz linda do Tonfil.
Balada da Sibita Baleada conseguiu de fato fazer com que eu se esqueça das coisas ruins do mundo, fazendo passear pela minha infância quando fui chamado por várias vezes de Sibito Baleado.
A música apresenta uma entidade de uma Sibita Baleada por um caçador, no leito do rio em meio a uma revoada. Ela volta pelas forças de um pajé para traquinar quando um caçador qualquer queira fazer o mal a outros passarinhos. Contando com a ajuda de outras lendas como Caiporas e Curupiras.
A suavidade dessa música e o bem querer da proteção da Sibita Santa, nos faz pensar o quanto estamos precisando da santidade e inocência dos animais.
Obrigados aos Poetas!
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